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26/07/2009

Miragem


Miro uma imagem,
de espelho plano.
Imagem plana,
num rebordo côncavo
convexa de intenções.

(Ad)miro a mesma,
com o refluxo
e a refração dos tons
visuais de ti.

Tudo aquilo que alguém vê
(de)mais
às vezes até de menos,
sem nexo de nós.

Recordo-me em ti,
conforme os dias possam,
os passos restam
e os compassos retificam
um acordo dos nossos corpos,
na pressão inquieta
de cada acerto
num encontro
com um fim
em vista de cada fundo
de um dia ao amanhecer.

Quando te procuro
nesse instante,
nada mais resta de sinais
de ti ou de nós
a menos,
por prazeres havidos!

24/07/2009

Penso



O vicio do pensamento

é ímpar da ideia de mim,

deitando-me sempre as culpas.


O momento da minha vida

está incrustado no peito do mundo

como se um coração fosse.


A transformação da distinção

entre o passado e o presente

encontra-se na destruição do futuro.


O apelo do que já não serve

é aquilo que desacerta a existência

que aguenta um acerto de humildade.



Fosse eu capaz de olhar os mundos,

de nós e de cada um.

De cima

numa perspectiva global

tridimensional!



E se és capaz de me imitar

os dois teremos capacidades bastantes

para abençoar o dia que escurece

a indiscrição de ninguém.

02/07/2009



Vem!
Vou morrer,
vamos
encontrar-nos,
morrer por
morrer
e entrar para
o nosso mundo!
###############################
############################
#######################
##################
#############
########
#...#


Desafio a criação de tudo
E encontro o profundo de nós.
Procurando até ao limite, encontro
O limite de mim.
Obrigado.


Estando no mundo
## no preconceito,
Aquilo que #### era
A #### profunda.
Porquê?
O fundo de ###, fundo
A margem das coisas,
Sem lugar a área do
Limite.
O encontro de tudo está
Por nós. Enfim!


mulher neutra


Entrar no meu interior,
E a minha mente procurar-te!
Entre nós e o mundo
Fica o infinito:
Se queres podes procurar
O fim da nossa evidência
Encontra(ndo) o limite
Do mundo.
O infinito
Olha para o infinito
Encontra a porta dos encontros.
No fundo percebendo
O que desejas,
O fim está
Quase perto de todos.


Corre ao fundo de mim,
Procurando o início do mundo.
Que encontras? Vazio!
Claro, a vida está apagada,
Como se de um filme em branco
Se tratasse!
Quando voltarei, encontrarás
A certeza do receio,
Porque o apetite de te ver
É muito! É grande!
Quando voltares, vamos rever
Tudo o que não queremos
E desencontrar o princípio
Do fim.


No fundo, quando procuramos
o início de nós, o que encontramos?
Dúvida, incerteza, indefinição?
Procuramos todos o nosso fim
E o que encontramos?
Incerteza, indefinição e dúvida.
Em suma, quando nos propomos
Encontrar um caminho, uma vida
O que nos aparece é nada!
Mas nada, pode ser?!
Em tudo pode ser algo,
se com força de vontade
encontrarmos o que queremos.
Em tudo, tem tudo!

A outra margem



Música ardente, esboço de um movimento
De alguns corpos virtuosos.
As virgens bailam, no centro os meninos,
Comem os lobos, como um capuchinho
Que meu pensamento guardou
Dum mundo terrível
Onde lobos e meninos não são homens.
As virgens bailam… bailam…
E eu sorrio e gosto, elas gemem
Como se os seus corpos fossem desejo.
E por elas correm rios
Onde alguém, tentou alcançar
A outra margem.


Há algo de “naif” em mim,
Procurando o significado das palavras e dos actos.
Surpreendendo à esquina de cada ideia
A vontade de partir.
Como um movimento que se repete,
Cristalino, periódico,
Em nossos corpos microscópicos
Procura uma maneira
De dizer
Amor


Caí de mim, como num poço sem fundo
Procurando em vão a alternativa
De superar aquela ideia
Resposta ao leve sorriso do meu amor.





O mundo que hoje tenho
reflexo em espelho
sabor de nada.
O que é isto?
Nada é como era!
O que era jamais será!
Enfim, por mais que procures
Não encontrarás nunca
O fim do teu sonho
Por mais belo que seja.

Poema alinhavado





Alinhavei o meu discurso,
Habituado à espiral das palavras,
Procurei entender o que escrevi.
Preso no tom de cada frase,
Abracei a ideia e apaguei a imagem.
Entendi, então
Que entre o mundo e a sombra,
A palavra não existe.



É para estes versos que
eu quero que as palavras contem

Aviso



Disfarcei-me de sentir os teus desejos,
Para que fora de mim
Procure o encanto dos teus sentidos.
Infinitamente choro de alegria
Como quem festeja aniversários de infância,
Pensando no momento de acabar,
Mas volto a procurar nos teus sentidos
E com eles voltam os vagos momentos
Das manhãs de primavera,
Floridas, perfumadas
Com o breve sussurro dos versos feitos
Sonolentos, desprovidos de sinfonia,
E vejo então que o fim
Não termina onde eu quero, mas continua.

Este futuro



Hoje acordei no dia d’amanhã
Com a vontade sóbria de dizer adeus ao mundo.
Para que a eternidade fique no lugar
Com os olhos postos neste “futuro”
Onde os pássaros não têm asas
Mas voam.
Os homens não têm línguas
E falam como os mortais.
Quero poder avançar
E por muito que avance,
Prefiro sentir-me agachado sobre o mundo.
Ontem levantei-me com o pensamento nas mãos,
Hoje acordei com os olhos postos neste “futuro”.


Sinto-me como a noite,
Apenas contenho a sombra estéril
Filha do escuro da tristeza.
Com este fetiche, na fervura
Do feitiço, avancei ao efémero.
Por tua felonia, por teus desejos loucos
Sinto-me como a noite,
Depois da linha imaginária do prazer se perder,
Por tudo.
Arranca de mim toda esta raiva,
E leva-me daqui no impacto dessa melancolia.
Desprega de mim a tua figura… e parte






Resolvi amar-te
Com o som melodioso
Do ritmo acelerado
De dois corpos
Em apoteose de amor.

Pronto a sorrir



Resolvo partir na tristeza do destino
E voltar pronto a servir
Agarrado aos privilégios do mundo
Alimentei a fantasia desta vida
Digerindo as tristezas no copo de vodka com laranja
E pronto, permito-me agradar o mundo.
Com um requinte de gestos miseráveis
Minuciosamente estudados no universo
Espelhado do horrível mundo nosso.
Sustenidos, lágrimas, sorrisos,
Mesquinhices, chinesices,
Emoções fortes (só para ajudar o consumidor)
Tudo tão bem representado
Que é impossível parecer falso.
(este é o fim do espectáculo)
Perdoai-me senhores.

A guerra dos guerreiros



Recusei-me a ouvi-la
Recusei-me a senti-la.
Porque sim.
Porque não quero mais guerra,
Aquela guerra dos canhões,
Aquele louco bradar das vozes
Aquela louca vitória dos loucos.
Sofrendo a banal dor dos massacrados
De ódio, servidores de “galões”.
Não posso reconhecer a injustiça
Nos escravos da guerra,
Irreconhecíveis, anónimos e ingénuos,
Que nas garras do valor patriótico
Combatem até ao fim,
Esclarecendo corpo a corpo
O sonho dos chefes valorosos
E glorificados.
Os chefes que de noite, ao som dos canhões,
Partem do mundo, esquecem a guerra,
No corpo das suas amantes.
E são eles que sedentos de amor,
Tarados do amor, não fazem a paz.
Querem apenas amor
Nos braços ternos de uma qualquer.
E os outros, tristes,
Bafejados pela ruína e desalento,
Eles que mutilados de dor,
Procuram o abrigo,
Encontram na face das suas mulheres pobres d’amor
As lágrimas amargas da amargura.
E choram.

Dois anos


Dois anos passados,
Nada aqui mudou.
Nos dias contados
Pensei no que sou.

Senti-me no fim
Num lugar distante,
Senti-te assim
Como minha amante.

Dois anos passados
Esperando por ti,
Os dias encurtados
Esperei-os aqui.
Não voltaste, perdi-te.
Mas eu resisti.

O sonho onde te vi



Percorri com todo o ser, o lugar de onde vim,
Senti no doce amargo o ar do que senti.
Parti carenciado do sortido desse olhar,
Julgando-me perdido nas loucuras deste mundo.
Acentuei aqui a validade de mim,
Confiando cegamente nos atributos do sonho
Rasguei a planta de tudo que resolvi,
Erguendo as mãos às vozes que me seguram.
Examinei a vida e resolvi partir,
Percorri assim o sonho onde te vi.

Espero por ti



Espero por ti,

aguardando ansiosamente.

Segue o sonho,

e procura-me.

Recolhe o som dos meus passos

e encontra-me.

No leve adormecer do sobrespaço




Os ventos do sonho, voltaram
Com eles as andorinhas.
Tu voaste, voaste para mim
No leve adormecer do sobrespaço.
De repente o habitual fatigou-se, e dormimos,
Ao nascer do sol a chuva partiu,
Entre os lençóis dois corpos cobriram-se.
Desprendeu-se de nós o amanhecer,
E olhou-nos, criou o hábito sensual
Do teu sorriso, o rumor das ninfas.
Junto à lareira, perto do fogo
As mágoas avançam no crepitar,
Repousando na névoa matinal,
E perdem-se no infinito do balcão celeste
Entre o tom azul cinzento,
Surgiste, oh alma bela, como as andorinhas,
Junto a ti, na doce mania do vento morno,
Eu, o eterno e saudoso vencedor,
Cavalgando nas nádegas do vento,
Irritei o tempo, expirando a ternura
E voltei onde as casas me esperam,
Onde o meu nome sempre bela te chamará.

Quero apenas paz




Rotina, perguntas-me quem sou?
Respondo-te apenas isto:
Eu fugi, para O alcançar.
Perseguido, manobrado, desesperado,
Eu fugi, para voltar ao amor.
Desfizeram e levaram o meu sonho
O sol dos meus quereres.
Eu senti-te, rotina…
Mas preferi alcançá-lo,
Emanar para ele tudo o que sou,
Tudo o que quero, naturalmente
Sem os ouvir gritar, uivar, grunhir.
Quero ser livre, poder dizer o que senti,
Poder chorar, poder recordar o sonho.
O sonho não dura, mas a vontade continua,
Parte como a corrente que me segura,
Leve como as asas que a ele me elevam
Prefiro o som de cem mil trompetes
À voz dos teus dizeres.
Prefiro a voz das minhas paixões
Ao som dos teus haveres.
Quero apenas a paz,
A paz que todos anseiam,
Mas que por ela todos morrem.
Por isso deixa o meu ser amar,
Por isso quero escrever,
Amar aquilo em que acredito.

O refúgio da amargura




Partiste, deixando-me só
E do meu coração saltou aflito
O tremor doloroso e entalado,
Que relatou esta dor tão sublime
De um homem loucamente apaixonado.

O sofrimento que me fez ficar tão fraco,
Foi superior ao extremo adeus

Dum morto agonizante.
As lágrimas surgiram pouco a pouco,
No alvorar de uma dor inquietante.

Chorei a essência dessa dor,
Procurei-te loucamente sem parar.
Não valeram mais as palavras, não,
De um homem que sem nada para dar,
Procura, até morrer, a consolação.

Recolhido no refúgio da amargura
Passei vinte e três horas do dia à janela,
Tentando então ver-te aparecer.
Aqui, neste meu posto de sentinela
Eu sinto que o tempo é pouco… e vai morrer

No amor o que vale é amar




Estou aqui misturado no mundo
Julgando tudo com dignidade,
Sofrendo e escondendo a minha dor.
Esqueço o teu olhar, a tua vaidade
Continuando a caminhar até ao amor.

Despertei a manhã, na expectativa
De voltar a encontrar-te nesse silêncio,
Mas a palavra apareceu e poisou em mim
Como o silêncio poisou no nada,
E conservei no coração o dom de te amar assim.

Fugiste da fonte da felicidade
Voltando ao mundo louco e desconcertado,
Criaste o homem insatisfeito,
Possuído pelo fogo do real,
Incapaz de te sentir ao ser amado.

Foi a fraqueza quem abraçou tua alma
Criando o despertar do sentimento que o eleva ao amor
Porque o amor não morreu,
O amor é eterno, insubstituível.
O que morreu foi a vontade de o acender,
Só o homem que sentiu o vazio na alma
Estará pronto para o receber,
E só assim a vontade de amar voltará.

ADHOC (para isto)


Para os antepassados,
Para a lembrança perpétua do facto,
Para a confirmação da coisa,
Para o uso do delfim
Para a vida eterna,
Para a tal circunstância,

Adeus
...
Para
Sempre

A hora da tua inocência




Lugar, avenida do meu sonho
Em ti libertei os meus desejos.
Em ti procurei essas razões
Com a constante procura
Da livre permuta de dois corações
Queixei-me dessa tua atmosfera.
Feri-me com esses teus inocentes desejos.
Mas, de repente, nas trevas de mim,
Surgiu uma luz, surgiu uma flor,
Então voei, voei até ao mais surdo silêncio,
Corri, corri para o mais louco momento.
O momento da minha existência,
A hora da tua inocência.

Busco (Procura)




Inspirei-me.
Nesse teu acre olhar,
Que feriu o meu sexto sentido
Despertando-o, ao ponto de o levar
A sonhar, e a escrever aquilo que sente,
No momento em que os dois olhamos o céu.
No instante em que os dois somos unos
E unificados voamos no céu do amor.
Despertei, senti-me agarrado,
As garras da realidade picam-me,
Semeando a confusão no meu espírito
Corrompendo esse teu doce sabor
O sabor desse teu olhar que me inspira.
Encontrei-te, levaste-me ao infinito
Do amor.
Busco em teu olhar a inspiração,
Que fará de mim o trovador,
Trovador das maravilhas do coração,
Trovador das maravilhas do amor.

Sou


Senti-me tristemente inferiorizado,
Pelo (ab)surdo som desses teus lábios,
Do meu louco fim fui arrancado
Para poder criar essa palavra
Resposta às incógnitas proferidas.

Ouvir falar de mim, como num sonho
Como se essa gente de mim gostasse.
Levaste-me ao teu mundo, enraivecido
Como se fosse coisa que se arrastasse
E eu pedi-te tréguas por dois minutos.

Uma hora! Em uma hora apenas,
Eu pude encontrar-me em ti,
Por sessenta minutos de prazer,
Aqui estou eu para te amar.

Espero que não sejas dissidente
Deste meu coração, teu eleito.
Escolhido assim tão de repente
Em sessenta minutos no teu leito.

Usualmente volto para correr
Ao lado deste teu cavalo alado,
Percorrer todo o teu corpo neste sonho
E para ele conseguir ser arrastado
E por ele não ficar subjugado.

O eterno abraço



Calei a voz do vento que gemia
Entre a calma de um som tão excitante.
Apaguei o fogo que em mim ardia
Acendido por tua alma penetrante.

No silêncio da calma repousava
O som do sossego fatigado,
No meio da noite eu recordava
O saudoso sabor do amor idolatrado.

Que sonho suave ali avança
Por entre os frios montes do longo espaço
Ainda agora a noite é uma criança,
E eu aqui perdido no eterno abraço.

A caminho da solidão




Pedi que me ouvissem
Tinha algo para lhes dizer,
Tinha que lhes falar
De todo o meu passado
Das horas perturbadas
Dessas inesquecíveis manhãs.
Mas porque os outros
Cruéis, cansados e tristes
Nada disseram,
Porque nada sentiram,
Também eu nada pude dizer.
Limitei-me a ouvir as suas teses
Silenciosas, morrendo em mim
Todo o desejo.
Por isso os odeio,
Não quero senti-los,
Não posso!
Quero aprofundar a alegria
E fazê-la partir para o exterior
Não é uma súplica, é apenas o desejo
Para preencher um coração desajeitado
Com o sorriso prateado da lua.
Não sinto o sorriso,
Sinto, neste momento, a solidão
Que de mim se aproximou,
Vestida de desespero,
Tocou-me e no espaço de um instante
Mostrou-me o seu caminho,
Eu fugi, fugi como um ser apedrejado.

Para ti



Sento-me dentro do meu mundo
Esperando poder isolar-me!
Espero por ti aqui, pelo fim perdido
Para saber como…
Levo-te a repousar os desejos
Para que de mim te aproximes
E encontres assim os abismos do meu eu.
Levo-te a conhecer o meu mundo
Para que me sintas no que é teu.
Quero encontrar em ti uma razão,
Para por ela voltar a sofrer.
Expirei estas palavras
Como resposta a esses gestos
Tão profundos
Que a ti me prendem eternamente
Libertam-me dos preconceitos do mundo.
Espero que compartilhes os meus desejos
E te não sintas incapaz de amar.
Ah! Como eu desejo ouvir da tua boca
Os sons tão sensuais de um louco beijo
Caindo em meus braços loucamente,
Tu vais sentir os gestos do desejo,
E assim voaremos neste sonho livremente.

Pensamentos


Julgo sempre saber julgar
Aquilo que os outros pensam.
Mas penso que não sei dizer,
Aquilo que os outros dizem.

Aquilo que os outros dizem,
Penso eu muitas vezes nisso,
Mas por mais que vá pensando
Não penso mais do que isso.

Julgo que ao pensar tanto assim
Tiro algumas conclusões –
Começo a crer no que penso.
E a duvidar das ilusões.

O mundo tornou-se pequeno,
P’ráquilo que tanto penso.
Cruzamo-nos um pelo outro
E eu nunca o conheço.

Adagio




Tédio,
Tempo,
Campo de imensas batalhas.
Aventurei-me…
Recolhi as asas,
Ao abrir o meu corpo.
O silêncio no gesto dos espaços
Crescia no sentido dos meus passos.
Esgotei a sensação
Da possibilidade de sentir
A tristeza.
A verdadeira fortuna
De conhecer o adágio do amor.

Bela época



Palavras sinceras,
Tão bem construídas.
Produzem em mim
O amanhecer de coisas belas.
E não houve harmonia
Que não resistisse a elas,
Porque as palavras, ondulantes
Avançavam todo o dia
Fazendo surgir no pesadelo a força
Do segundo sentido,
Obrigando a todos quantos as pensam,
Ao peso e à medida dos seus sentidos.

Contigo






Contigo na vida

tenho sido feliz,

sentindo-a vivida

nunca serei infeliz.



Contigo na ideia

escreverei nosso amor,

brincando na areia,

esquecerei toda a dor.



Contigo em mim,

criarei a tranquilidade,

sem nunca procurar o fim

encontrarei a verdade.



Contigo sonhando

eu ouvirei o sossego,

como ouço o vento brando

deste amor a que me entrego.

01/07/2009

Ela



No corpo de cada um,
Fica o rosto do meu eu,
Crio em mim o som total,
Paro no tempo sonhando o céu.
É impossível dispersar
A oculta harmonia das coisas.
Chorosa,
Crio nela a eterna alegria,
Recordo o encanto
Da distância do meu eu.
Então detenho aqui o que quero,
Porque o que foge
Cobre a natureza de fugas.
E o que importa, é crer.
Crer no que sinto, eu sinto o acto,
Actuar e sentir, procurar encontrá-los.
E espreito, esperando,
Criando,
Sonhando,
Deixando os disfarces, e limitando os castigos.
Para poder abandonar o passado,
E ficar no corpo o que sinto
Restando na alma o que amo
Da oculta e chorosa alegria.
Viajando na distância do acto,
Sentindo o actuar ao repetir
Brincando com a ideia de recusar,
A esta confusão dispensada da voz fingida,
Para ele próprio eu recordo
Consolando essa vontade
Com o prazer de o conhecer.
Por ele sinto medo
Mas por ele não vou desfazer
Esta poesia livre.

Ele



Procurei-a, sedento de amor.
Corri como um louco
Encontrei-a.
Iluminei o impossível com um sorriso
Limitando assim o entusiasmo
Deste amor instituído.
Fechei-me na essência do seu eu
E aspirei a existência desse amor.
Sobre o meu coração sombrio
Sonhei,
Amei,
Abri todas as portas ao sonho
Exprimindo o sentimento
Deixando ficar a certeza
Do corpo em que cresci,
No corpo em que amei.
Acordei assim nesse dia,
Com o rosto das palavras
A sorrir.
E na cor dos seus desejos,
Como uma abelha que poisa,
Na flor procurando o mel,
Voei até ela,
E senti,
Senti-a na sua essência
Estonteante,
Excitante,
Repousante,
E consolei a sua vontade
Com o prazer de a sentir,
E deixei de poder isolar-me.

Percorri até ao fim




Percorri o meu olhar por ti,
Procurando qualquer coisa,
Que produz em mim o seco ardor
Do som dorido, preso pelo fim,
Rouco dormir, amaro d’alma,
Pó de luz, papel de amor.
Percorri até ao fim.
E lá longe, perto do infinito
Encontrei num leve baloiçar
Tudo aquilo que sempre quis saber
Dentro desses teus olhos tão cândidos
Encontrei essa resposta tão esperada.

Sonhei para ti


Sonhei para ti,

Criei na imensidão do tempo
Na silhueta do espaço,
O mundo que imaginámos.
Procurei saber porquê.
Porque teria sonhado assim?
Busquei livros, corri páginas
Sem nada poder encontrar.
Por fim, numa tentativa vã,
Sentindo na alma a dor
De nada ter encontrado,
Olhei para o mundo e vi
Que a resposta era amor.

Viajei espaços vazios




Viajei espaços vazios
procurei a felicidade.
Senti renascer em mim
novamente a liberdade.

Voltei a cantar, a sorrir
e corri p'ró mundo como louco.
Levei comigo esse recado
de como se pode amar por tão pouco.

Senti a prepotência do meu ser
ao obrigar-me a ser homem comum,
confirmei toda esta alegria
quando voltei a amar como tu.


Por fim, escureci no vazio
libertei-me de todos os espaços fechados.
Como um herói glorificado
corri para teus braços,


Podia nascer qualquer coisa




Podia nascer qualquer coisa
Talvez na terra, talvez na lua
Talvez, talvez eu não me importasse
Desde que a sentisse nascer,
Crescer,
Criar uma vida.
Queria que nascesse qualquer coisa,
Pura, delicada, livre.
Espectro da beleza, manifesto d’alegria
Que dela jorrasse.
Corri para ela, e senti-a
Perder-se no infinito prazer.

Só assim seria feliz, esquecendo toda a tristeza
E sentindo o prazer em potência,
Adormecia a longa dureza.

Pe (r) didos




Cobre-me o som desta amargura
O leve sorriso do teu sonhar,
Leve, sinto em mim, esta loucura
Do belo sonho que é amar.

Encontro-me aqui manejando a força,
Busco o reflexo dessa fantasia,
Porque ardendo dentro dela, a sinto louca,
E crio em mim a doce agonia.

Num ritmo louco de falar
Imaginei-te estendida na paisagem,
Ardendo no sorriso do teu sonhar
Cobrindo duma brisa a leve aragem.

Cobre-te de sonhos, meu amor.
Mira-te no espelho do futuro
Consola e adormece o desamor
E faz brotar em mim o seu testemunho.

Entreter as palavras




O canto por mim cantado
Foi a angústia do barqueiro
O sonho de um navegante
A música do velho gaiteiro.

O querer do meu desejo
Criou a duração do tempo
A variação das cores
O longo soprar de um vento.

Libertou a pena do escritor
Que alguém prendeu num tinteiro
Serenou, e venceu o furor
Nessa linda manhã de nevoeiro.

Ao amanhecer, ao romper do sol
Explorei o despontar dessa tua vida.
Destitui toda a forma desse teu corpo
E procurei a doce calma da mão amiga.

Corri os meus braços por ti



Corri os meus braços por ti,
O som da tua presença despertou-me
Atraindo o dom do amor.
Corri para ti como um louco
Procurando encontrar-me no meio de mim.
Olhei o vasto deserto azul,
Que sobre os meus olhos cintilava,
Olhei a cor desses teus braços,
Cantando uma canção que te embalava.
Despertaste-me o olhar
E senti-te entrar em mim,
Depressa parti desse doce sonho
Tentando encontrar-te aqui.
Perdi-te para sempre deste mundo,
Tentei comunicar com teu amor.
E na linguagem do amor,
Comuniquei contigo docemente
Entrando docemente, nesses profundos
Fiordes do sonho.
Ele acordou-te mansamente
Acordou-te desse doce e ledo engano.

Escondido em ti



Escondido em ti,
Até ao último furioso momento.
Sob este teu manto vermelho
Tento não prolongar o sofrimento,
De não o poder encontrar.

Sonhei contigo no meu leito
Senti de repente o teu rosto aqui.
Para sentir o doce ar do teu jeito
Quero ver-me iniciar dentro de ti,
E assim encontrar o amor.

Lentamente, vou-me agitando.
Vem uma onda e cobre-me o pensamento
A dor penetra no meu espírito
Fazendo gritar o meu lamento.
O lamento do amor não encontrado
Depois de vários dias de inocência,
Amor que fez crescer a solidão
Fazendo-me esgotar a paciência.

Julguei-me um semideus


Julguei-me um semideus,
Capaz de voar nas tréguas da noite.
Senti-me forte e capaz de viver
Mas incapaz de voltar a amar,
Sentir as garras do “pássaro do amor”.

Julguei-me semideus,
Levei as pessoas a sentirem-me.
Tentei ser capaz de transformar tudo,
Transformei o rumo dos meus dias,
Quis sentir-me dentro deles, para te conseguir amar.

Mas, a força dissipou-se
A mistificação tornou-se irreal
Agora o meu coração,
Não poderá levar-te ao reino do amor,
Ao doce mistério que nos envolveu.

Parti,
Parti para a realidade
Forçado sob a sua violência,
E corri,
Corri para as suas regiões traições
Tentando explorar o seu mundo
Para o simplificar até ao seu limite.
Mas o seu limite é o infinito,
Impossível de se alcançar,
Por isso vou voltar,
Vou reencontrar a mistificação
E assim encontrar o impossível do amor.
E por fim, quero voltar a amar-te.