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01/07/2009

Ela



No corpo de cada um,
Fica o rosto do meu eu,
Crio em mim o som total,
Paro no tempo sonhando o céu.
É impossível dispersar
A oculta harmonia das coisas.
Chorosa,
Crio nela a eterna alegria,
Recordo o encanto
Da distância do meu eu.
Então detenho aqui o que quero,
Porque o que foge
Cobre a natureza de fugas.
E o que importa, é crer.
Crer no que sinto, eu sinto o acto,
Actuar e sentir, procurar encontrá-los.
E espreito, esperando,
Criando,
Sonhando,
Deixando os disfarces, e limitando os castigos.
Para poder abandonar o passado,
E ficar no corpo o que sinto
Restando na alma o que amo
Da oculta e chorosa alegria.
Viajando na distância do acto,
Sentindo o actuar ao repetir
Brincando com a ideia de recusar,
A esta confusão dispensada da voz fingida,
Para ele próprio eu recordo
Consolando essa vontade
Com o prazer de o conhecer.
Por ele sinto medo
Mas por ele não vou desfazer
Esta poesia livre.

Ele



Procurei-a, sedento de amor.
Corri como um louco
Encontrei-a.
Iluminei o impossível com um sorriso
Limitando assim o entusiasmo
Deste amor instituído.
Fechei-me na essência do seu eu
E aspirei a existência desse amor.
Sobre o meu coração sombrio
Sonhei,
Amei,
Abri todas as portas ao sonho
Exprimindo o sentimento
Deixando ficar a certeza
Do corpo em que cresci,
No corpo em que amei.
Acordei assim nesse dia,
Com o rosto das palavras
A sorrir.
E na cor dos seus desejos,
Como uma abelha que poisa,
Na flor procurando o mel,
Voei até ela,
E senti,
Senti-a na sua essência
Estonteante,
Excitante,
Repousante,
E consolei a sua vontade
Com o prazer de a sentir,
E deixei de poder isolar-me.

Percorri até ao fim




Percorri o meu olhar por ti,
Procurando qualquer coisa,
Que produz em mim o seco ardor
Do som dorido, preso pelo fim,
Rouco dormir, amaro d’alma,
Pó de luz, papel de amor.
Percorri até ao fim.
E lá longe, perto do infinito
Encontrei num leve baloiçar
Tudo aquilo que sempre quis saber
Dentro desses teus olhos tão cândidos
Encontrei essa resposta tão esperada.

Sonhei para ti


Sonhei para ti,

Criei na imensidão do tempo
Na silhueta do espaço,
O mundo que imaginámos.
Procurei saber porquê.
Porque teria sonhado assim?
Busquei livros, corri páginas
Sem nada poder encontrar.
Por fim, numa tentativa vã,
Sentindo na alma a dor
De nada ter encontrado,
Olhei para o mundo e vi
Que a resposta era amor.

Viajei espaços vazios




Viajei espaços vazios
procurei a felicidade.
Senti renascer em mim
novamente a liberdade.

Voltei a cantar, a sorrir
e corri p'ró mundo como louco.
Levei comigo esse recado
de como se pode amar por tão pouco.

Senti a prepotência do meu ser
ao obrigar-me a ser homem comum,
confirmei toda esta alegria
quando voltei a amar como tu.


Por fim, escureci no vazio
libertei-me de todos os espaços fechados.
Como um herói glorificado
corri para teus braços,


Podia nascer qualquer coisa




Podia nascer qualquer coisa
Talvez na terra, talvez na lua
Talvez, talvez eu não me importasse
Desde que a sentisse nascer,
Crescer,
Criar uma vida.
Queria que nascesse qualquer coisa,
Pura, delicada, livre.
Espectro da beleza, manifesto d’alegria
Que dela jorrasse.
Corri para ela, e senti-a
Perder-se no infinito prazer.

Só assim seria feliz, esquecendo toda a tristeza
E sentindo o prazer em potência,
Adormecia a longa dureza.

Pe (r) didos




Cobre-me o som desta amargura
O leve sorriso do teu sonhar,
Leve, sinto em mim, esta loucura
Do belo sonho que é amar.

Encontro-me aqui manejando a força,
Busco o reflexo dessa fantasia,
Porque ardendo dentro dela, a sinto louca,
E crio em mim a doce agonia.

Num ritmo louco de falar
Imaginei-te estendida na paisagem,
Ardendo no sorriso do teu sonhar
Cobrindo duma brisa a leve aragem.

Cobre-te de sonhos, meu amor.
Mira-te no espelho do futuro
Consola e adormece o desamor
E faz brotar em mim o seu testemunho.

Entreter as palavras




O canto por mim cantado
Foi a angústia do barqueiro
O sonho de um navegante
A música do velho gaiteiro.

O querer do meu desejo
Criou a duração do tempo
A variação das cores
O longo soprar de um vento.

Libertou a pena do escritor
Que alguém prendeu num tinteiro
Serenou, e venceu o furor
Nessa linda manhã de nevoeiro.

Ao amanhecer, ao romper do sol
Explorei o despontar dessa tua vida.
Destitui toda a forma desse teu corpo
E procurei a doce calma da mão amiga.

Corri os meus braços por ti



Corri os meus braços por ti,
O som da tua presença despertou-me
Atraindo o dom do amor.
Corri para ti como um louco
Procurando encontrar-me no meio de mim.
Olhei o vasto deserto azul,
Que sobre os meus olhos cintilava,
Olhei a cor desses teus braços,
Cantando uma canção que te embalava.
Despertaste-me o olhar
E senti-te entrar em mim,
Depressa parti desse doce sonho
Tentando encontrar-te aqui.
Perdi-te para sempre deste mundo,
Tentei comunicar com teu amor.
E na linguagem do amor,
Comuniquei contigo docemente
Entrando docemente, nesses profundos
Fiordes do sonho.
Ele acordou-te mansamente
Acordou-te desse doce e ledo engano.

Escondido em ti



Escondido em ti,
Até ao último furioso momento.
Sob este teu manto vermelho
Tento não prolongar o sofrimento,
De não o poder encontrar.

Sonhei contigo no meu leito
Senti de repente o teu rosto aqui.
Para sentir o doce ar do teu jeito
Quero ver-me iniciar dentro de ti,
E assim encontrar o amor.

Lentamente, vou-me agitando.
Vem uma onda e cobre-me o pensamento
A dor penetra no meu espírito
Fazendo gritar o meu lamento.
O lamento do amor não encontrado
Depois de vários dias de inocência,
Amor que fez crescer a solidão
Fazendo-me esgotar a paciência.

Julguei-me um semideus


Julguei-me um semideus,
Capaz de voar nas tréguas da noite.
Senti-me forte e capaz de viver
Mas incapaz de voltar a amar,
Sentir as garras do “pássaro do amor”.

Julguei-me semideus,
Levei as pessoas a sentirem-me.
Tentei ser capaz de transformar tudo,
Transformei o rumo dos meus dias,
Quis sentir-me dentro deles, para te conseguir amar.

Mas, a força dissipou-se
A mistificação tornou-se irreal
Agora o meu coração,
Não poderá levar-te ao reino do amor,
Ao doce mistério que nos envolveu.

Parti,
Parti para a realidade
Forçado sob a sua violência,
E corri,
Corri para as suas regiões traições
Tentando explorar o seu mundo
Para o simplificar até ao seu limite.
Mas o seu limite é o infinito,
Impossível de se alcançar,
Por isso vou voltar,
Vou reencontrar a mistificação
E assim encontrar o impossível do amor.
E por fim, quero voltar a amar-te.

Foi naquele tempo


Voltei a ser feliz
Nos dias mais felizes desse amor.
Soube encontrar a minha razão
Razão real, sem ambiguidade,
Por isso foi naquele tempo,
O tempo de poder
Sofrer o que não sofri,
De poder
Ganhar o que não ganhei,
De vir a viver
O que não vivi.
Foi aquele o tempo
Da revolta das ilusões,
Foi o dia da melancolia
Encarcerada nos corações.
Mas, o tempo fugiu
Aqui nada restou,
Fiquei assim só,
A dor me acompanhou.

Nada pior que a solidão depois de encontrar a fantasia do amor




Nada pior que a solidão,
Depois de encontrarmos a fantasia do amor.
Aquele que tanto nos fortalece,
E que dentro dele nos faz estar
Amargurados, ignorados
Difusos e vagarosos.
Só por ele morremos e ressuscitamos
Com o espírito reaparecido
Sentindo o acre sabor dessa loucura.
Inalando o seu absoluto perfume
Que nos inspira a subtileza e escravidão.
Morrem-me as faces,
Sinto o ardor do meu sangue
Que aqui, dentro de mim, estala
Ao sentir e ouvir
O amor entrar vagarosamente.
Só a solidão o suporta,
Porque para ela tudo é vago
E vagamente o amor lhe lembrará
Como um cão,
Admiravelmente perseguido.
Eu sinto a força destas duas forças
Só procuro um recanto na terra
Onde solidão e amor não existam
Para que eu os esqueça,
E ao voltar a pensar neles,
Os lembre com a saudade estampada no rosto.

Quis sentir-te aqui



Fiz mal ao querer ver-te bem,
Porque de mim te afastaste.
Perdi o teu terno olhar,
Senti o nosso amor voar.
O amor para longe voou,
E naquela mulher poisou,
Para que ela o possa querer
E ele o possa desejar,
E só assim se possam amar.
Quis sentir-te aqui,
Retendo a tua terna voz
Sonhando com o teu doce olhar.
Mas nada, nada me fez encontrar-te.
Mas eu continuo a amar-te,
Para que me lembres aí,
Sintas o nosso passado,
Pensa nas minhas palavras,
Só assim me sentirei amado.

Estranha a minha alma nesse momento



Estranha a minha alma nesse momento
Em que me senti fraco,
Perante os artifícios de uma mulher,
Suave e juvenil.
Seus olhos, dois pirilampos
Que à verdade conduzem.
Sua boca,
Oh! Sua boca fez-me sentir,
Uma verberação indefinível
Cobrindo meu corpo
De um influxo de magia,
Ao ver sair dela a cordial franqueza.
Mulher, vem sossegar o meu espírito,
Que aqui na sombra da noite,
Manifesta uma vontade louca de te amar.

A Colina do meu Sol



Pensei em ti,

eternamente,

Consegui fazer brilhar

o sol do meu coração.

Criei o pensamento do sentido

e loucamente te senti entrar em mim.

Por ti vou amar a fome

Só para me alimentar do teu amor.

Respirarei o fogo entre a beleza,

desse ar feminino,

que me queima,

inspirando-me profunda certeza.

Olhei-te nessa doçura mortal,

Encontrei, por fim,

a colina do meu sol

no silêncio sepulcral.