Reprimo-me invisivelmente e não falo
para que não saia desta boca
o som ténue e cada vez mais corroído
que não nos une.
para que não saia desta boca
o som ténue e cada vez mais corroído
que não nos une.
Escrevo palavras que ofertam,
como se elas por si só,
doessem, e às vezes
choro quando o faço.
como se elas por si só,
doessem, e às vezes
choro quando o faço.
E atenua, mas há palavras que nunca te direi!
Não por pudor,
não por receio, a
penas porque não as perceberias,
porque eu não saberei o que fazer com elas,
e por isso não as poderei dizer.
Não por pudor,
não por receio, a
penas porque não as perceberias,
porque eu não saberei o que fazer com elas,
e por isso não as poderei dizer.
Tenho a certeza que elas
têm existências cheias de vida,
árduas, carregadas de mim.
têm existências cheias de vida,
árduas, carregadas de mim.
Mas escrevo apenas algumas,
as que sinto a sua leveza de as escrever,
naquilo que se traduz em serem tão rápidas
de escrever como o são quando as considero.
as que sinto a sua leveza de as escrever,
naquilo que se traduz em serem tão rápidas
de escrever como o são quando as considero.
Cogito realidades com uma fúria de sentir,
de dilatar, de não magoar ou ofender.
de dilatar, de não magoar ou ofender.
Prescrevo-as
como se de receitas
de sobrevivências se tratassem,
qual remédio de ficar robusto,
bálsamo de não desvairar.
como se de receitas
de sobrevivências se tratassem,
qual remédio de ficar robusto,
bálsamo de não desvairar.
Quem sabe um dia ceda e leve
até ti tudo isto que rabisquei.
Seja a raiva do desejo que avalio,
seja a ferida por malefício pouco eficaz,
sejam memórias de instantes tão bons,
seja o que te sinto, sei que são as saudades
que cerceiam neste sentimento
a que já nem sei dar título e que experimento por ti.
até ti tudo isto que rabisquei.
Seja a raiva do desejo que avalio,
seja a ferida por malefício pouco eficaz,
sejam memórias de instantes tão bons,
seja o que te sinto, sei que são as saudades
que cerceiam neste sentimento
a que já nem sei dar título e que experimento por ti.
Quando sinto que te omito, i
sso em mim ainda é afecto.
sso em mim ainda é afecto.
Às vezes completo-o com o gracejar das minhas realidades acanhadas,
e assim invento-te só porque existes.
Mas tu não sabes.
e assim invento-te só porque existes.
Mas tu não sabes.
Alguma vez sinto-te a descobrires-me,
mesmo que eu só me tenho lastimado.
Não avistas,
não descobres o sorriso que te dou,
só por te sentir aí.
mesmo que eu só me tenho lastimado.
Não avistas,
não descobres o sorriso que te dou,
só por te sentir aí.
Não vês os meus olhos que procuram
com o empenho sobrenatural que me destinaste,
sem lembrança, a qualidade de te experimentar
como se aqui estivesses.
com o empenho sobrenatural que me destinaste,
sem lembrança, a qualidade de te experimentar
como se aqui estivesses.
Sim, por isso há palavras que nunca te direi,
porque as vou emudecer dentro de mim,
escrevendo-as apenas em refúgios pouco concretos,
senão mesmo indefinidos,
como se as chorasse apenas para mim,
com prantos amontoados
de não saber que posso fazer mais,
de não saber que pronunciar melhor,
de não saber como ser melhor.
porque as vou emudecer dentro de mim,
escrevendo-as apenas em refúgios pouco concretos,
senão mesmo indefinidos,
como se as chorasse apenas para mim,
com prantos amontoados
de não saber que posso fazer mais,
de não saber que pronunciar melhor,
de não saber como ser melhor.
Quem sabe um dia tas expresse
e então as confisques
para que saibas da sua intensidade e fervor.
e então as confisques
para que saibas da sua intensidade e fervor.
2 comentários:
cada vez mais intimista...
esta lavagem de cara - nova roupagem - tornou o blog bem mais bonito...
e a escrita está a assumir um tom mais pessoal e objectivo...
muito bonito...muito sentido e com sentido.
Obrigado pelo conforto das palavras.
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